domingo, 30 de dezembro de 2007

O Homem do Sol de Todo Dia


O sangue que tange a terra
A terra em que jaz o homem
O homem que luta pela terra
No final morre de fome
Os sonhos que vão por terra
A vida que se vai com o sangue
O homem que morre em vida
É apenas mais um escravo da tirania
Seus trajes em farrapos
Seu corpo em chagas
Feridas abertas
Castigado pelo sol de todo dia
À sua vida, ele renuncia
Para saciar a fome de sua família
Seu futuro?
Não existe o amanhã
Para o homem
Que só conhece o sol de todo dia
Mas ainda sim ele caminha
Em busca de alguma alegria
Mesmo que esta seja tardia
Pois o seu destino
Ele já o conhece
Enfrentar o sol de todo dia
E para quem da vida nada espera
Morrer sonhando
Em busca da felicidade
É menos doloroso
Do que o despertar
De mais um dia
Que vem lhe castigar
Sem piedade
Sem dó
Sem misericórdia
Essa é a vida
Do homem
Do sol de todo dia

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Diga-me, Menina


Menina, diga-me
Diga-me agora
Será que tens medo do que desconhece?
Será que tens medo de quem ainda não vistes?
Será que tens medo de não conseguir andar sobre nuvens?
Menina, lhe farei mais uma pergunta
Os sonhos lhe assustam?
Pois podem não ser apenas sonhos
Ou será que tem medo
que a realidade lhe abstenha de seus sonhos?
Diga-me menina
Diga-me agora
A verdade é que tudo pode parecer tão fantasioso nesta vida
Mas então eu me pergunto
O que seria real de fato?
Não seria real tudo aquilo que sentimos vibrar em nosso coração?
Ou não passaria apenas de mais uma sensação fugaz?
É preciso refletir e desvendar todo o mistério da verdade
Que se escondem em labirintos tão densos
Quanto as palavras que são jogadas ao vento
Talvez a verdade nunca será descoberta por completo
Talvez já a conhecemos e ainda não notamos
Ou ainda não a aceitamos
E então menina
Notastes tudo que falo?
Entendestes o sentido de meus versos?
Simples, mas que carregam em si
A verdade que já descobri
Tão incompleta
Mas que me faz desejar lhe conhecer ainda mais
Mesmo que para isto deva enfrentar tantas outras verdades

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Jardim de Emoções


Deixe que as minhas dores irão passar
Deixe que as minhas magoas irão cessar
Deixe que orgulho, não mais terei
Sonhos, com o mar irão viajar
Pensamentos, com os ventos irão planar
A esperança que ainda existe
Há de cessar
Como há de cessar todo o meu pesar
E tudo o que me faz
Será espalhado
Como pétalas de flores
Em um jardim de emoções
Então volta o vento
Volta o mar
Levando e trazendo tantas e tantas emoções
Não há como se conter
Não há como se prever
Tudo isso é ser alguém
Tudo isso é o medo de não ser ninguém
Tudo isso é a frustração de ver outrem
Perder tudo que tens em sua frente
E nada fazer
Mesmo sabendo que tanto podemos ajudar
E neste mar de infinita dor nos banhamos
E temos como meta a felicidade
Como se pode ser feliz?
Se somos, causadores de dor e tristeza
Há como se ter esperança?
Pois a dor parece secar-me
Com tanta força
Como se nem ao menos
Sobrassem os meus restos mortais
Andemos todos juntos
Neste grande e exuberante jardim de sentimentos
Ajudemos uns aos outros
A não apenas chorar
A não apenas desejar
Ver a felicidade que tão próxima
Nos atrai
Mas façamos por a merecer
E assim
Secaremos as lagrimas que rasgam nossos rostos
Um jardim de sentimentos
Um jardim de lamentos
Um jardim de emoções
Que possamos nele
Dar os passos certos para a vitória